
O que são os testes de autismo?
Protocolos como MCHAT, ADI-R e ADOS são essenciais na confirmação do diagnóstico do TEA
Entre as dúvidas mais comuns sobre o transtorno do espectro autista, estão as questões sobre como é definido o diagnóstico. Já comentamos em outros momentos que não há exames laboratoriais (como de sangue) ou de imagem (como tomografia) que confirmem o autismo. O diagnóstico do TEA é puramente clínico, ou seja, é um diagnóstico feito a partir da avaliação do indivíduo por um ou mais especialistas habilitados, com a ajuda de testes padronizados.
Na prática, isso significa que o comportamento da pessoa vai ser observado geralmente por uma equipe multidisciplinar, composta por médicos e psicólogos, por exemplo. Os especialistas vão avaliar se o indivíduo apresenta:
- Dificuldade para interagir socialmente, como manter o contato visual, expressão facial, gestos, expressar as próprias emoções e fazer amigos;
- Dificuldade na comunicação, com o uso repetitivo da linguagem e bloqueios para começar e manter um diálogo;
- Alterações comportamentais, como manias, apego excessivo a rotinas, ações repetitivas (também conhecidas como estereotipias), interesse intenso em assuntos específicos e dificuldade de imaginação.
MCHAT é recomendada apenas no caso de crianças com suspeita de TEA
Para garantir uma padronização no processo do diagnóstico, foram criados protocolos médicos que são testes e entrevistas que reúnem as principais características necessárias para uma pessoa ser enquadrada no espectro autista. No caso de crianças, por exemplo, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que o primeiro protocolo a ser usado seja a escala MCHAT. A partir de uma entrevista com os pais, o avaliador (que costuma ser um pediatra ou um psicólogo) vai determinar o nível de risco – de baixo a alto – da criança ser autista. Dessa forma, a MCHAT atua como uma ferramenta para identificar o TEA precocemente, mas a confirmação oficial do diagnóstico ainda vai depender de uma segunda avaliação por especialistas, no geral, com auxílio de outros protocolos.
Dois dos principais testes usados para confirmar o diagnóstico de TEA são a Entrevista de Diagnóstico de Autismo Revisada (ADI-R) e a Programação de Observação Diagnóstica para Autismo (ADOS). É importante pontuar que estes questionários têm uso restrito, e devem ser aplicados apenas por profissionais de saúde que receberam o treinamento prévio para executar a entrevista e avaliar a pontuação das respostas.
Entrevista de Diagnóstico de Autismo Revisada | Do inglês Autism Diagnostic Interview-Revised, a ADI-R é um teste feito em forma de entrevista semiestruturada. Ou seja, o médico examinador tem um roteiro de perguntas que orienta a avaliação, mas ele também tem a possibilidade de aprofundar questões que parecerem mais relevantes em cada caso.
ADI-R se baseia em conversa com responsáveis e cuidadores
Com um total de 93 questões, a ADI-R é um teste respondido pelos responsáveis e cuidadores de criança e adultos com a idade mental mínima de 18 meses. Após algumas perguntas de abertura, o avaliador se concentra nos seguintes itens:
- a comunicação geral do indivíduo (do início da vida até atualmente);
- o desenvolvimento social e brincadeiras (também do nascimento até a idade atual);
- a existência e o contexto de comportamentos repetitivos e restritos;
- e, para finalizar, perguntas sobre problemas gerais de comportamento.
A pontuação de cada questão varia de 1 (menos grave) a 3 (mais grave). A maior parte da avaliação vai se concentrar no comportamento atual da pessoa, com exceção de alguns itens que se referem a fases específicas. Por exemplo, brincadeiras imaginativas sozinho, brincadeiras imaginativas com colegas e brincadeiras em grupo são informações relevantes sobre o período de 4 e 10 anos, enquanto as amizades recíprocas e interesses limitados são avaliados a partir dos 10 anos de idade.
Teste ADOS inclui entrevista e atividades lúdicas para avaliar a suspeita de autismo
A duração da entrevista pode variar de acordo com a idade do indivíduo com suspeita de autismo. Para uma criança de 3 ou 4 anos, é possível realizar a avaliação em uma hora e meia, mas para crianças mais velhas, adolescentes e adultos, é comum que a sessão demore um pouco mais.
Programação de Observação Diagnóstica para Autismo | Do inglês Autism Diagnostic Observation Schedule, a ADOS também é um teste semiestruturado, que pode ser usada em crianças, adolescentes e adultos. Mas ao contrário da ADI-R, a conversa na ADOS é diretamente com o indivíduo avaliado e o protocolo inclui, além do questionário, uma interação do avaliador com a pessoa, por meio de brincadeiras e jogos.
A avaliação é composta por quatro módulos de 30 minutos, sendo que cada um é projetado para ser aplicado a diferentes indivíduos, de acordo com seu nível de linguagem ou idade. O avaliador vai analisar as habilidades linguísticas de cada paciente para entender qual dos quatro conjuntos de tarefas é o mais apropriado para examinar o seu comportamento social e as habilidades de comunicação.